
Estive um pouco alienada nesse final de semana, não li jornal e nem assistir TV, porém voltando de uma casa noturna um taxista foi o meu "informante". Eram aproximadamente 3h da manhã de domingo quando adentrei naquele táxi só, contente e também um pouco triste, querendo conversar, o motorista era um senhor de 50 anos morador da Rocinha e pai de três filhas, no caminho ele me contou coisas de sua vida, coisas que assiste na "madruga" e deu ênfase ao assassinato de um jovem na noite anterior em frente a uma boate famosa em Ipanema, todos a esta altura já deviam saber do fato, mas eu não. Entretanto, pedi para que ele me contasse detalhes do acontecido e descobri que um policial pago para proteger o filho de uma juíza atirou num outro rapaz e o matou, e a contradição que há entre proteção e assassinato me conturbou a mente. Durante o percurso o taxista me disse algo que é de uma verdade pura, o Rio de Janeiro está completamente inseguro, não importa se estamos num local considerado seguro e de “elite” como Ipanema, ou se estamos no Morro do Vidigal que causa pavor aos moradores da Zona Sul carioca.
Portanto assim que saí daquele táxi, não pronunciei sequer mais uma palavra até o dia seguinte, havia se formado um conflito interno gigantesco em mim e tive medo de ser egoísta ou preconceituosa em algum comentário, pois rapazes tão jovens quanto aquele da porta da boate são assassinados todos os dias, e até que provem o contrário eram todos inocentes.
Será que proximidade existente entre a vítima e a nossa própria realidade influencia o grau de indignação que sentimos?
Pense... E caso se sinta envergonhado fique sabendo que não é o único.
Se fosse usar batom hoje, seria o DARK!